GLEUSA RAMOS |
E nós entendemos que a verdadeira JUSTIÇA SOCIAL começa com a EDUCAÇÃO.
Exatamente por isso, hoje, ao ler textos da Revista Pazes, deparei-me com um artigo de Nara Rúbia Ribeiro, que reflete muito bem o nosso pensamento em relação à importância da EDUCAÇÃO.
Resolvi transcrevê-lo.
Quanto vale um professor?
Na era do culto às
celebridades, do elogio à desinteligência, da ânsia pelo fútil, do aplauso ao
vazio, quanto vale um professor? Nada. Talvez menos que nada. Talvez seja um
número negativo, uma subtração ao padrão de mundo que a maioria almeja.
Eu me considero uma eterna
aluna da vida, uma estagiária da existência; e tive muitos mestres. Ainda os
tenho. Daquilo que tenho aprendido, muito devo àqueles que, em sala de aula,
transmitiram-me seus conhecimentos. Contudo, devo confessar que a postura dos
meus verdadeiros mestres diante da vida foi o que sempre mais me ensinou.
Muitos dos meus
professores ilustravam em seu currículo, de diversas formas, o ideário de suas
vidas. Eles se viravam com seus baixos salários, lutando por melhor remuneração
e melhores condições de trabalho. Eles tinham a audácia de se rebelar contra os
ditames de nossos dias: contra a coisificação do homem e a tentativa
capitalização das almas, negando-se a pactuar com a transformação dos outros em
meros números, em objetos estatísticos que podem ou não nos auferir alguma
vantagem patrimonial.
Sempre estudei em escola
pública. Já tive aula em que o professor ditasse toda a matéria, pois o giz
havia acabado. Já vi professor fazer vaquinha entre os colegas para comprar
remédio de preço módico para o filho. Tive a oportunidade de ver a merenda
negada ao professor, posto que o Ministério da Educação a distribuía, foi o que
alegaram, apenas “para os alunos”.
Hoje, o professor, por
mais que se desdobre, por mais que se dedique, por mais que tenha a sua
carreira como prioritária, ganhará sempre pouco. Caso se valha apenas da
docência, não terá patrimônio, não terá status, não será celebrado, não terá
holofote dos veículos de comunicação. E, neste país, ainda prevalece a crença
de que quem é celebridade é tudo. De que o bom profissional não é o honesto e
probo: o bom é o rico.
Isso é, implicitamente,
ensinado aos nossos filhos. Ser bem sucedido é ter espaço na MTv, é ser
badalado por revistas de fofocas, é ser visto de “Camaro amarelo”. Bonito é ser
fotografado entre as celebridades. Ser grande é ser famoso, conhecido, não
importa se para isso a pessoa tenha que “ordenhar” alguém em reality
transmitido nacionalmente. Que importa se o cantor só fala uma frase na música
inteira e a frase é de baixo calão? Ele é rico e famoso, e é isso o que
importa.
Muitos andam preocupados
com a crise econômica, mas quem anda se ocupando da crise dos valores? Quem
anda se dedicando ao conhecimento, à busca por novas leituras do mundo, à
quebra, à ruptura do modelo desumano de sociedade que criamos? Quem se dedica a
questionar padrões e a não cotejar o conformismo? Quem, além dos profissionais
da Educação?
Por isso, quando vejo um
professor sangrando ao legitimamente lutar por um direito seu, a minha alma
sangra junto. Mas a ignorância que nos sangra não é capaz de drenar os nossos
sonhos. Sabemos que o culto à celebridade, bem como o elogio à ignorância, não
se sustenta se iluminado pela razão, uma vez acordada a sensibilidade de cada
um.
Ser nada a uma geração
onde o vazio é aplaudido de pé, remar contra o mar da mediocridade do mundo é
uma glória sem preço. Em tempos como o nosso, ser menos é mais.
(Por Nara Rúbia Ribeiro)
PS.: A foto acima é de um
professor goiano preso ILEGALMENTE (sem ter cometido qualquer crime) porque
protestava contra a entrega das escolas públicas de Goiás às Organizações
Sociais. Este é um Brasil que nos envergonha. Este é o Goiás do atraso, da
falência moral, do retrocesso.
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